Somos seres sociáveis, não fomos educados para viver sozinhos, nem tão pouco, nossa natureza nos preparou para a solidão, antes sim, somos gregários, vivemos em bando. Contudo, essa não é a questão.
As perguntas não dizem respeito a um ser sociável e nem se prestam a retirar o indivíduo do convívio social. Dizem respeito tão simplesmente a capacidade do ser humano, de ser bom para si, quando ele resolve habitar seu próprio mundo. Sem nenhum estímulo ou interferência do externo.
Por vezes não suportamos a solidão, ficamos incomodados, ansiosos. Estar sozinho mais parece uma doença, um mal estar que precisa ser "curado". A impaciência ocupa todos os espaços, precisamos ver gente, conversar, falar, ouvir. Sons, ruídos, gritos, buzinas, música. Alguém salve-me de mim mesmo, me resgate de minhas próprias garras. Estou eu prisioneiro de mim mesmo, como pode.
Acho que vou enlouquecer, preciso de uma chave que me liberte desse grilhão. Esse meu eu interior, um ser tão estranho para mim, estou com medo de mim mesmo.
Se não és uma boa companhia para si, é bom que esteja na presença de alguém, é bom eleger alguém em quem se espelhar, de preferência um alguém virtuoso, com coerência em seus pensamentos e atos. Alguém que possa ouvi-lo em momentos de tristeza, desespero ou alegria. Que dele possa extrair conhecimento, servir de referência, um "vigia" para si. Assim pode-se modelar o outro e usar como referencia em momentos de escolha, de indecisão.
Tudo isso com um objetivo: mais cedo ou mais tarde liberta-se. Sim, no momento em que puder pensar a partir de si mesmo, fazer suas próprias leis, se subjulgar a elas ou ir contra. Suportar as consequências ou colher os frutos de suas escolhas , então poderá considerar-se senhor de si mesmo.
Ouça o que tens a dizer a si , se escute. Ouça seu coração, ouça seus pensamentos, sua voz sussurrada apenas para si. Não tenhas medo do escuro, seus porões precisam ser habitados e iluminados, eles guardam seus tesouros mais valiosos. A vontade cria o caminho, o conhecimento abre as portas, e a lucidez ilumina o ambiente.
Odair J. Comin - Psicólogo Clínico e
Escritor
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